Monday, January 23, 2006

Criança nasce na Guarda com mielomeningocele (a forma mais grave de espinha bífida)

Bebé trava luta pela vida

A mãe de um bebé do sexo feminino, com 17 dias, que está a lutar pela vida, pois nasceu com mielomeningocele (a forma mais grave de espinha bífida), hidrocefalia e malformação num pezinho, responsabiliza o médico que lhe fez as ecografias e a acompanhou na gravidez, por nunca ter detectado os problemas.

O médico visado diz não conhecer o caso. O bebé nasceu no dia 6 de Janeiro, de cesariana, às 37 semanas de gestação, com 2385 kg, na maternidade do Hospital Sousa Martins, na Guarda, onde esteve hospitalizado. Foi transferido para o Hospital Pediátrico de Coimbra, onde foi submetido a uma operação à coluna e à cabeça.

“Fiz todas as consultas e ecografias no Hospital da Guarda sem que fosse detectado qualquer problema na bebé”, disse ontem a mãe, Natália Rocha, adiantando que “os relatórios das ecografias diziam sempre que a menina estava perfeitinha”. Os problemas foram detectados às 36 semanas de gravidez, após uma ecografia numa consulta de urgência, que foi feita por outro médico.

Natália Rocha, de 30 anos, que tem outra filha com dois anos, apresentou uma queixa no Hospital Sousa Martins, através do Gabinete do Utente, que deu origem à abertura de um inquérito para apuramento de eventuais responsabilidades.

Segundo Fernando Girão, administrador do Hospital da Guarda, “o inquérito está a decorrer internamente” e as conclusões serão comunicadas à Inspecção-Geral de Saúde e ao Ministério da Saúde”. Os resultados foram comunicados a Natália Rocha.

Por seu lado, o director clínico do Hospital da Guarda, Luís Ferreira, disse que “apenas os técnicos poderão saber se houve ou não negligência médica”. Por isso “ficamos a aguardar a decisão”, defendeu.

Entretanto, o director do Serviço de Obstetrícia do mesmo hospital, Alberto Duarte, que, segundo Natália Rocha esteve presente em todas as consultas da gravidez e fez as ecografias, disse ao CM não ter conhecimento oficial do caso. “Regressei de férias no sábado e desconheço a situação deste caso concreto”, afirmou o médico.

'NÃO SEI SE AGUENTARÁ AS OPERAÇÕES'

“Não sei como é possível acontecer uma coisa assim, podendo eu ter feito um aborto até às vinte semanas”, disse Natália Rocha, frisando, desolada, que “se a evolução da gravidez esteve nas mãos de Deus também esteve nas mãos do médico”. Segundo afirma, as deficiências poderiam ter sido detectadas logo na primeira ecografia, feita antes das 12 semanas de gestação. Mas só soube a quatro semanas do fim da gravidez, após ter sido observada por outro médico. Por isso diz ter a plena convicção de que o médico foi “responsável por ela ter nascido nestas condições” e para já não sabe qual é a esperança de vida da filha. “Disseram-me que provavelmente não sobreviveria ao parto, mas sobreviveu. Agora não sei se aguentará as operações que lhe vão fazer. Que qualidade de vida vai ter?”, questiona. Natália Rocha aguarda as conclusões do inquérito à sua queixa para poder avançar criminalmente. Espera ver o “médico condenado e ter direito a uma indemnização”, pois não tem dinheiro para pagar os tratamentos de que a filha irá precisar.


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